Vilhena, RO — O Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia (TRE-RO) manteve, por unanimidade, o mandato do prefeito de Vilhena, Delegado Flori, ao negar o recurso apresentado pela coligação da candidata derrotada nas eleições municipais de 2020, Raquel Donadon. A decisão confirma a sentença da Justiça Eleitoral de 1º grau e representa mais um capítulo da instabilidade política que marca o cenário vilhenense nos últimos anos — um município conhecido regionalmente pelas sucessivas trocas de comando no Executivo por meio de decisões judiciais.
A acusação rejeitada pelo TRE se baseava em suposto abuso de poder político, com alegações de uso indevido da estrutura da Prefeitura em favor da campanha à reeleição de Flori. Entre os fatos questionados estavam a inauguração de uma galeria de fotos de ex-vice-prefeitos, o anúncio da duplicação da BR-174, o aumento de investimentos em saúde e programas sociais em ano eleitoral, e a revisão salarial de servidores públicos.
Entretanto, para o relator do processo, desembargador Marcos Alaor, as ações descritas não configuram práticas ilícitas e não houve provas suficientes para sustentar a tese de abuso de poder. O entendimento foi acompanhado por todos os membros do colegiado, consolidando a decisão de manter o chefe do Executivo no cargo.
O Ministério Público Eleitoral também opinou pela legalidade das condutas analisadas. Em parecer, o órgão reforçou que os atos administrativos praticados pelo gestor não violaram a legislação eleitoral.
Com 74,18% dos votos válidos, Flori foi eleito com ampla margem. Segundo seus advogados, Nelson Canedo e Cristian Sega, a tentativa de cassação sem provas concretas vai de encontro à vontade expressa da população nas urnas. “É preciso lembrar que estamos diante de um processo que, se acolhido, anularia a decisão soberana de milhares de vilhenenses. O Tribunal foi claro ao afirmar que essa prova não existe”, pontuou Canedo.
O episódio reacende o debate sobre a judicialização da política em Vilhena — cidade que, nas últimas décadas, viu uma sucessão de prefeitos eleitos sendo alvos de ações judiciais movidas por adversários políticos. A prática tem sido apontada por analistas locais como um dos principais obstáculos à continuidade administrativa e ao desenvolvimento sustentável do município.
Embora decisões da Justiça devam ser sempre respeitadas, a alternância abrupta de gestões por meio de processos judiciais levanta questionamentos sobre a forma como disputas eleitorais são conduzidas no pós-urna, muitas vezes desacompanhadas de provas robustas, e acaba por fragilizar o planejamento público de médio e longo prazo.
Com a confirmação do mandato, o prefeito Flori segue no cargo com respaldo jurídico e eleitoral, sendo agora desafiado a garantir governabilidade e avanços concretos em áreas estratégicas como infraestrutura, saúde e regularização fundiária — setores fundamentais para fortalecer a confiança da população em uma gestão estável e comprometida com o interesse coletivo.