Rondônia e Norte do Mato Grosso sob pressão: Juros altos e tarifas internacionais ameaçam agro e serviços

editorial - rondonia.news
07/08/2025 16h09 - Atualizado há 1 mês
Rondônia e Norte do Mato Grosso sob pressão: Juros altos e tarifas internacionais ameaçam agro e serviços
imagem gerada por inteligência artificial

Vilhena (RO) — A força do agronegócio e do setor de serviços nas regiões de Rondônia e Norte do Mato Grosso tem enfrentado um cenário cada vez mais desafiador. As elevadas taxas de juros, combinadas a novas tarifas impostas por parceiros comerciais como os Estados Unidos, estão afetando diretamente a rentabilidade, os investimentos e a estabilidade econômica local — especialmente em polos logísticos estratégicos como Vilhena, que concentra uma das maiores frotas de transporte de grãos do Norte e Centro-Oeste.

 Juros altos: o peso invisível que trava o campo e o comércio

A manutenção da taxa Selic em patamares elevados, como instrumento de controle inflacionário, tem causado efeitos colaterais severos no setor produtivo. Para o produtor rural, o acesso ao crédito ficou mais caro. Muitos enfrentam dificuldade em custear a nova safra, modernizar equipamentos ou quitar financiamentos passados.

Além do campo, o impacto atinge o setor de serviços: com menos circulação de recursos e investimento, o comércio desacelera, e os prestadores de serviço sentem no caixa a retração do consumo e a elevação dos custos operacionais.

“Com o custo financeiro em alta, o produtor reduz seus investimentos e corta despesas no comércio local. Isso impacta do borracheiro ao dono de restaurante”, explica um empresário do setor logístico de Vilhena.

 Tarifas de exportação e o risco da perda de competitividade

Em paralelo, as tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros preocupam exportadores e lideranças do agro. Estima-se que mais de US$ 40 bilhões em exportações estejam em risco com a medida, afetando diretamente o setor de carnes, soja e frutas.

No caso da soja, que é um dos principais produtos embarcados pela rota Vilhena–Porto Velho–Itacoatiara, a retração nos preços internacionais e a incerteza cambial acentuam a insegurança no campo. Em agosto de 2025, a soja foi cotada a R$ 132,89 no Paraná, e a @ do boi em Rondônia a R$ 261,52 — valores abaixo da média histórica, insuficientes para cobrir os custos totais de produção de muitas fazendas.

 Vilhena: entre o escoamento e o risco sistêmico

Ponto estratégico de distribuição e transporte do agronegócio, Vilhena tem papel decisivo na fluidez da produção nacional. Sua vocação logística, com milhares de carretas transportando grãos e carne para exportação, sofre agora com os efeitos colaterais do custo Brasil: diesel caro, fretes desequilibrados, estradas sobrecarregadas e crédito escasso para renovação de frota.

Além disso, as incertezas climáticas e a pressão cambial têm reduzido a confiança dos produtores em expandir ou mesmo manter a produtividade.

“Estamos vivendo um efeito dominó: juros altos travam o agro, o agro trava o transporte, e o transporte impacta o comércio local. É um ciclo que precisa ser rompido com políticas mais inteligentes e sensíveis à realidade regional”, destaca um consultor financeiro agroindustrial da região.

 Caminhos para virar o jogo

Diante desse cenário, especialistas apontam soluções como:

  • Revisão da política de juros agrícolas subsidiados;
  • Criação de fundos regionais de fomento com base nos ativos logísticos de Vilhena;
  • Incentivos à agregação de valor e à industrialização da produção (agroindústrias, biodiesel, bioinsumos);
  • Infraestrutura inteligente com parcerias público-privadas;
  • Defesa institucional junto ao Governo Federal para proteger o agro das novas tarifas.

Hora de proteger quem sustenta o Brasil

O agro e o setor de serviços não podem mais pagar a conta de uma política monetária descolada da realidade produtiva. Rondônia, com sua vocação agrícola, pecuária e logística, precisa de crédito acessível, segurança jurídica, infraestrutura forte e política econômica sensível à sua realidade.

O futuro da economia regional passa pela valorização do campo e da indústria local. Vilhena é mais do que uma cidade de passagem — é um eixo estratégico que merece respeito, investimento e planejamento


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